– Alguém chegou a calcular a hora exata da criação
(Quatro da tarde de uma terça-feira), mas não se sabe se era primavera.
Provavelmente sim, pois Deus poderia testar a castidade das suas criaturas,
Adão e Eva. E os colocou nus, num jardim primaveril, para ver se resistiam. E a
primavera foi mais forte que Deus. Eles não resistiram, e provaram o fruto
proibido.
– Adão teve a primeira ereção da história e avisou a
Eva: – Chega para traz, que eu não sei até onde isto cresce. Eles exploraram
todas as possibilidades dos seus corpos e esgotaram o assunto logo na primeira
geração.
– Desde então, em matéria de sexo, a humanidade não tem
feito outra coisa senão se repetir. O sexo não evoluiu. Nenhuma nova zona
erógena foi descoberta, nenhuma técnica nova inventada ou desenvolvida em
laboratório, depois de Adão e Eva.
– Claro, mudaram as atitudes em relação ao sexo, os
antecedentes, as conseqüências, os métodos de abordagem, os parâmetros (Óleos
perfumados, arreios, capacetes, algemas.. ), mas a mecânica do, digamos, negócio
continua a mesma desde que o homem é homem e a mulher, felizmente, é mulher. Ou
o homem é mulher e a mulher é homem, o que também é antigo.
– As variações do sexo são contidas pelas limitações do
corpo, o que explica a mesmice dos filmes pornô. Ou então eu é que tenho andado
com a turma errada.
Texto de Luiz Fernando Veríssimo
Post(085) – Outubro
de 2009