segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Lições que desaprendi

 


Ao me dar conta que já vivi mais da metade de minha vida, me dei conta que existem coisas que posso"desaprender" para ter uma vida mais leve e como ser mais feliz no que me resta desta vida.

Recentemente um amigo de longa data, entre um emoji e outro, me perguntou: “O que você aprendeu de mais importante na vida, até aqui?”. Naquele momento, não tive resposta e receio que ainda não a tenho. Entretanto, posso compartilhar com vocês, o que “desaprendi”.

Mais do que colocar novas coisas em meu bau particular, venho procurando retirar. Às vezes, me sinto entulhado com um monte de coisas, ideias, crenças, utensílios e receios que já não os possa carregar mais. Há alguns anos já sentia esse peso, mas com o senso de urgência que agora me assola, me dei conta que não posso carregá-lo mais. Pelo menos de uma  forma consciente.

Preciso andar mais leve. Não necessariamente para andar mais rápido, mas para andar melhor.


Houve um tempo em que eu olhava o mundo de uma maneira lógica, racional e linear. Acreditava em um tipo de justiça pequena, óbvia, que apenas parte de mim conseguia alcançar. Acreditava mesmo que havia uma espécie de mapa e que se o seguísse à risca, as coisas dariam certo. Essa ideia maluca também se aplicava a comportamentos e crenças. 

Com o tempo, entendi que, na grande maioria das vezes, não há necessariamente um caminho mais correto. O que existe são muitos e muitos caminhos diferentes, cada um com o seu conjunto de implicações associadas. Tendo consciência do ônus e do bônus de cada um, qualquer um pode servir e ser bom. Quanto mais compreendia isso profundamente, menos controlador ficava.

Um dia, eu achei que podia mudar as pessoas. Achei que se explicasse, falasse, tentasse mostrar por “A mais B”, a outra pessoa poderia entender meu ponto de vista e mudar. Obviamente, que dentro dessa lógica, tinha tendência a achar que o meu jeito estava certo e o da outra pessoa desajustada.

Hoje sei que ninguém muda ninguém. Quantas e quantas vezes tentei, nem eu consigo mudar a mim mesmo. Nós só mudamos quando o desconforto de ser quem somos se torna maior do que o conforto de manter as coisas como estão.

Sempre me considerei bastante otimista e com boa resiliência para assumir mudanças de rotas e certos deveres.

Em vários momentos, superestimei minha capacidade de lidar com alguns sentimentos, sensações e situações.  Hoje sou mais cauteloso e procuro olhar algumas jogadas a frente, mesmo sabendo que minha capacidade preditiva esbarra na entropia da própria vida.

Por muitos anos, acreditei que dizer muitos sins era aproveitar a vida. “Sim” para encontros, projetos, trabalhos, conversas e entretenimento era o mesmo que estar vivo e dizer sim para a vida.

Com a completude de mais da metade da minha vida, ficou cada vez mais necessário priorizar, pois, definitivamente, não há tempo para tudo, e é conveniente dizer não para algumas coisas. 

Separar o que é importante, do que é urgente e do que é banal não é fácil, mas é preciso. Caso contrário, me perco de mim mesmo e começo a me distanciar do que realmente quero e me faz feliz. É preciso ter uma rotina com menos atividades e mais ação real, com mais sentido. Aprendi, então, a antes de aceitar um convite, me perguntar calmamente: quero realmente isso?

O que eu penso pouco importa para os outros e para o mundo. Trata-se apenas de um conjunto de frases e sentenças aglutinadas com a tentativa de um sentido por trás. Realmente acredito que tenho muito pouco a dizer ou eventualmente a ensinar ao outro. E, quando sinto que tenho algo a compartilhar, escrevo.

Quando coloco as palavras no papel, digo: mesmo que ninguém leia, estou fazendo a minha parte. Mas isso não significa que comecei a me desconectar ou distanciar das pessoas. Isso não. Mas compreendi que muito mais importante do que dizer é ouvir. 

Estar só com nós mesmos, nos ensina uma série de coisas. Mas estar com os outros, também. A relação com a nossa família, filhos, trabalho, amigos e amores têm muito a nos ensinar. Pensar sobre as coisas podem nos ajudar a mudar, pois é o sentimento a grande mola propulsora da transformação.

Temos a tendência a complicar. Somos confusos e complexos. Nos afastamos na natureza e nos aproximamos do mundo das premissas e dos achismos.Temos dificuldade em mostrar o que sentimos, temos dificuldade em pedir o que precisamos.

Passamos a vida procurando algo, tentando encontrar o elixir com as respostas. 

Eu era tanto assim. Hoje, procuro sentir mais e pensar menos. E seguir essa trilha do corpo confortável e do coração manso, tem me ajudado a entender o caminho da simplicidade.

Não enxergo mais bem, sem óculos. Minha pele começa a ser salpicada com manchas senis, mas quando estou calmo e conectado comigo, ainda me sinto jovem.

Com esse entendimento encharcando cada uma das minhas células, tenho mais gratidão, vivo ainda mais apaixonada pela vida.

Nesta primeira parte da minha vida estive no modo fazer, estudar, realizar e me estruturar materialmente. Havia sempre um objetivo a ser atingido. A ideia de meta estava sempre presente. Eu ainda não desaprendi a ser assim, mas não sou mais orientado para performance e produção, mas não sei ainda como ser diferente.

Sei intuitivamente que entrei em um novo ciclo, mas não consigo operacionalizar esse novo estado em meu dia-a-dia. Sinto-me, vez por outra, perdido, com a sensação de que deveria estar fazendo algo que não sei bem o que é. Ainda não desaprendi a ver as coisas sob a ótica da realização, mas já aprendi que vivo aprendendo e, por isso, sei que vou chegar lá.

Há mais outras coisas que tenho desaprendido e que continuo a deixar para trás. Sinto que quanto mais percebo que pouco sei, mas sei. É uma sensação boa, de ir se despindo de tantas certezas que tinha. É confortável para mim, ir me despindo de minha autoimportância. Essa sensação de estar perdendo as certezas, convicções e a armadura me proporciona outro tipo de força. Uma força mais branda. Mais invisível. Mas, eu gosto.

E você, o que tem desaprendido nesses últimos anos? 


Texto com sentimentos que compartilho inteiramente, escrito por Ana Paula Borges, uma blogeira foi resumido e ligeiramente adaptado.



quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Amor e Tempo

Esta postagem é sobre o Amor, um sentimento difícil de se e explicar, mas que todos nos temos em maior ou menor intensidade por alguém ou por alguma coisa, vamos ao texto:

Era uma vez uma ilha onde viviam todos os sentimentos: A Felicidade, a Tristeza, o Conhecimento e todos os outros, inclusive o Amor. Um dia foi anunciado aos sentimentos que a ilha iria afundar então todos construíram barcos e partiram. Exceto o amor.

O amor foi o único que ficou. O Amor queria resistir até o último momento possível. Quando a ilha estava quase afundando, o Amor decidiu e pedir ajuda.

A riqueza passava pelo Amor num grande barco. O amor então perguntou:

-"Riqueza, você pode me levar com você?" A riqueza respondeu:

- "Não, não posso. Há muito ouro e prata no meu barco. Não há lugar aqui para você".

O Amor resolveu então perguntar à Vaidade que também estava passando em uma linda embarcação.

 -"Vaidade, por favor, me ajude!"

-“Não posso te ajudar, Amor. Você está toda molhada e pode danificar meu barco”, respondeu a Vaidade.

A tristeza estava próxima, então o Amor pediu:

-“Tristeza, deixe-me ir com você”.

- "Ah... Amor estou tão triste que preciso ficar sozinha!"

A felicidade também passou pelo Amor, mas ela estava tão feliz que nem ouviu quando o Amor a chamou.

De repente, ouviu-se uma voz:

-“Venha, Amor, eu levo você”, era um ancião.

 Tão abençoado e feliz ficou o Amor que até se esqueceu de perguntar para onde eles estavam indo. Quando chegaram à terra firme, o mais velho seguiu seu próprio caminho. Percebendo quanto era agradecido ao mais velho, o Amor perguntou ao Conhecimento, outro ancião que estava por ali:

-"Quem me ajudou?"

-"Já era hora", respondeu Conhecimento.

- "O Tempo?" perguntou o Amor.

-"Mas por que o Tempo me ajudou?"

O Conhecimento sorriu com profunda sabedoria e respondeu:

-“Porque só o Tempo é capaz de compreender o quão valioso é o Amor”.

Texto do site thesilentchild | tumblr

Post(330) - Dezembro de 2023